Dona da Porrah Toda

"Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal e fazer tudo igual, eu do meu lado aprendendo a ser louco, maluco total, na loucura real..."

EU X RELAÇÕES FAMILIARES # PAI - PRÉVIA

Sábado a tarde meu pai e minha irmã do meio (a outra irmã de quem falarei aqui numa próxima postagem...ela leu a postagem sobre minha irmã caçula e comentou sobre sua pouca aparição rs, ela não sabia que essas postagens faziam parte de uma espécie de série que resolví criar para falar mal da família (rs, brincadeira kkk) e como tive de contar para ela, agora terei de fazê-la esperar para aumentar a expectativa e fazer ela ler meu blog kkk...porque será que família nunca apoia a gente dando incentivo e acessos ao nosso blog, pow!? Kk..nem meu namorido me segue nessa porra kkkkkk rs) estiveram aqui em casa. É incrível como os dois tem dificuldades e compromisso com horários, até hoje não sei como minha irmã consegue cumprir seus horários no trabalho, nunca chega no horário que marca nas visitas ou eventos familiares, é do tipo que faz a gente repensar os convites futuros de tanto que enrola, demora (só se safou dessa vez porque estava esperando meu pai, outro enrolão que vive reclamando dos atrasos dela mas faz a mesma coisa rs).
Depois de um belo chá de cadeira que tomei praticamente o dia todo a espera deles e não aguentando mais meu filho reclamar da demora pela ansiedade que estava para ver a tia, o avô e os primos (minha sobrinha de 6 anos e o homenzinho da familia que está para chegar, meu querido heitinho (Heitor sera o nome dele)) eles até que enfim, pelo amor de Ozzy chegaram. E embora ansiosa também para ver todo mundo (de vez em quando sinto saudades do povo kkk, brincadeirinha...rs) estava preparada para receber as velhas (mas sempre novas rs) críticas do meu querido, porém sempre duro e sem elogios pai (não tem uma vez que ele não vem aqui que ele não reclama da falta de porta no banheiro (a gente sabe pai, moramos aqui e queremos tanto uma porta, uma pia e agora um tanque de lavar roupas quanto o senhor rs, só ainda não conseguimos comprar, aqui mora gente assalariada que parcelou cartão de crédito por causa do tempo que ficou afastado no inss por acidente e isso descontrola a vida da gente por um ano inteiro). Quem como meu pai, sempre trabalhou de autonomo e recebe as veze num dia ou numa semana o que se recebe aqui em casa para um mês com 30,31 dias nunca vai entender o que é receber salário mínimo e só ter para contas, despesas e o que comer.
Por incrível que pareça (parte II), a visita desta vez demorou mais um pouco e só não foi mais longa porque meu pai não tem mesmo muita paciência para ir num lugar quando alí não vai rolar nada além de visita e minha irmã pelo barrigão de apenas 6 meses que está. Meu pai anda vindo aqui numa pressa terrivel, quase que nem entra, só deixa o que traz para as tres e arranja logo um jeito de ir embora rápido, talvez porque não temos mais toda química e assunto que tínhamos quando eu tinha 15anos e ainda trabalhava com ele fazendo a linha obrigatória do “filho homem” que ele não teve; ou simplesmente porque ele não consegue ir em algum lugar (no caso minha casa) sem algum motivo para isso (leia-se aqui apenas visita, sem festa, bebida, churrasco ou algum evento que o deixe alí somente curtindo o momento espairecendo). O silêncio depois do “bença pai, como foi de viagem, que horas saiu de lá, que horas chegou aqui, choveu, fez calor, fez frio...” impera permanentemente e confesso sem precisar tornar isso uma confissão que por não ter o que perguntar também fico em silêncio. É uma relação de família estranha a nossa. Eu sei bem quando isso começou a ficar assim e não parou mais. Para vocês terem uma idéia de como somos um com o outro, a última vez que nos abraçamos foi num desses almoços que ele de vez em quando fazia chamando a família que não podia trazer em casa quando ainda casado com minha mãe, quando o Rico ainda tinha 1 ou 2 anos acho, e foi para uma foto onde tava todo mundo empolgado e meus primos e minhas irmãs começaram a posar para foto, então eu meio receosa cheguei junto dele brincando descontraída para ver se rolava uma foto entre a gente, eu tenho superdificuldade de tocar meu pai porque ele sempre tem aquele “não chega muito perto” no olhar quando olha ou se aproxima de mim, acho que os especialistas definirão isso como bloqueio. Sempre houve treta forte entre a família do meu pai e minha mãe e vice versa, então coisas do tipo não aconteciam sem aquela cara de “obrigação por ser da família” mas nem tiro toda razão da minha mãe, alí tem um bando de falso e fofoca e discordia alí é mato. Não é todo mundo, mas numa família onde minha avó deu 24 irmãos para meu pai, posso contar nos dedos quem presta e tem caracter de verdade e hoje dos 10 vivos, dos trocentos netos, sobrinhos, etc tem mais de um joio por trigo, se é que me entendem. Salvo umas duas tias e a maioria dos primos e primas, o que sempre me prendeu lá já não está mais na terra, minha avó, então mantenho sempre a distancia suficiente para ainda chamar de parente e aparecer de vez enquando, nada mais que isso.
Entre meu filho e meu pai já é diferente, nem se meu pai quisesse manter o bloqueio que tem comigo conseguiria. Meu filho é do tipo que chega chegando e tem sua atitude e pronto e se você não corresponder, ele não vai parar e manter o bloqueio, ele pergunta na lata e no mínimo você sairá constrangido com aquilo kkk, (o Rico é demais kkk), meu filhute não esta nem aí para essa coisa da dureza, abraça mesmo e fica naquela de “ôh vô, o senhor não me ama também não? – Me abraça!” e não desgruda da pergunta até conseguir ouvir o avô falar que ama kkk, vai eu tentar fazer isso kkk, é abraçar com o coração e sentir um espeto rs. É engraçado porque ele trata meu pai com adoração mas não se dobra a falta de demonstração de amor dele, quando não concorda com alguma coisa fala e impõem-se sem se mostrar rebelde aquilo (eu sempre fui rebelde e fui perdendo a paciencia de esperar meu pai deixar o posto de covarde e assumir suas atitudes e o que pensa de verdade, isso foi sempre o que me incomodou nele e acredito que foi o que fez a gente ir batendo de frente até chegar a forma como está) do mesmo jeito que, por ser criança também mostra que sabe se rebelar se precisar (e algumas vezes rebela de graça mesmo kk).
Bom, desta vez meu pai ficou mais calado que objetivo e não parecia estar se sentindo bem. Meu pai tem pressão alta e nem alguns sustos que já teve o faz querer de fato manter uma condição para favorecer uma vida a mais. Come errado, bebe quando não poderia beber de jeito nenhum e vira e mexe tem sentido as consequências disso, acho que por mais que ele sabe que isso pode fazê-lo ir daqui para qualquer lugar melhor ou pior ele de certa forma paga pra ver, não acredita mesmo com tantos exemplos dentro e em torno do seu ciclo familiar e de amigos que brinca com a morte e um dia ela pode resolver apelar com isso. É definitivamente um homem difícil de lidar.
Eu, mesmo agora já tendo atingido uma fase da vida onde paro cada dia mais de questionar certas coisas, ainda me pergunto no porque da vida e meus pais terem feito com suas vidas o que fizeram. Passar 20 anos da vida cotidianamente quando juntos brigando, discutindo, sendo completamente infelizes e outros restantes da vida sozinhos, brigando com o passado por não quererem se distanciar dele e infelizes do mesmo jeito. Eu olho para o meu pai e vejo um homem que perdeu tempo e ainda está perdendo tempo na única vida que tem. Só teve vida para o trabalho árduo e mais nada, só aproveitou segundos dos milhões de zilhões de horas que a vida disponibilizou para ele. Eu vejo alguém que não se diverte com a bebida mas não para de beber alegando ser divertimento, distração, uma das poucas coisas que não é trabalho e que gosta de fazer (hoje posso dizer que ele até bebe menos, putz, e como, na minha visão e comparação com um passado pouco distante ele praticamente nem bebe hoje, mas ainda o pouco que ingere lhe faz mal, muito mal). Eu vejo alguém que ficou ferido porque sonhou um dia ter uma família, um lar mas que achava que contribuir para isso era somente por dinheiro e comida dentro de casa. Ainda sim, lembro mais das brincadeiras dele quando nós éramos crianças na sala ou quintal de casa do que da minha mãe sequer sorrindo com alegria. A relação deles enquanto casal adoeceu e apodreceu no coração de cada um deles, adoeceu e apodreceu toda a família, destruiu os sonhos de cada um e o que esperavam de sí e do outro como de toda família. Por mais que se dizem cada um na sua que estão felizes ou apenas vivendo e por mais que vocês possam achar do que vou falar um absurdo ou uma visão de quem não pode desvendar o que passa dentro deles, eu, na condição de filha mais velha, de quem esteve do lado de dentro tentando e gritando que queria estar de fora a tudo isso, posso dizer que sinto que eles empurram suas vidas apenas esperando que a morte os resgate.