Dona da Porrah Toda

"Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal e fazer tudo igual, eu do meu lado aprendendo a ser louco, maluco total, na loucura real..."

INVOLUIDO

Eu fico pensando nisso, no quanto somos superficialmente evoluidos enquanto mundo moderno e livre de preconceitos. Fala-se em liberdade de expressão mas a censura ainda controla boa parte do que falamos (proferir palavras que farão as pessoas se questionarem sobre deus, política e drogas seja no sentido positivo ou não faz você ir parar numa corte marcial ou ter seu nome ligado a bruxaria demoníaca e corrupção), agimos como mente-abertas quando saímos as ruas ou em rodas de amigos fazendo a linha "evoluí marco aurélio" enquanto dentro de nossas casas aindas matamos (literalmente ou psicologicamente) nossas mulheres e homens por ciúmes e instinto de propriedade. A homofobia não existe enquanto o Gay é o filho dos outros e não frequenta a sua casa, o idoso, a grávida, a criança terá sempre lugar preferencial desde que não seja o seu porque você sempre estará sentado alí porque estava trabalhando e cansado de ter de "ceder" ao direito dos "folgados".
"Você rouba, você mata e sempre será justificado pela sua pobreza, falta de oportunidade ou simples excesso de bebidas que te colocou na cadeira cativa do "sem querer querendo". Você prega os mandamentos de God e faz gato na água e luz pagando as contas com o caixa 2 que fez no serviço e justifica sua atitude como troco bem dado a quem só te explora. Você é um falso moralista que prende sua filha em casa e a treina amélia puritanista liberando desde pequeno seu filho para "comer todas as menininhhas" inconsequentemente. Não admite assuntos sobre sexo em casa e faz ela se sentir uma puta toda vez que ela reclama que algum amigo seu a bulinou porque não muito fundo você não passa de um batedor de punheta zoofílico ou pedófilo tentando esconder de todos sua mente doentia. Você fede, mas só consegue sentir o cheiro de enxofre nos outros. Você é o covarde que aponta o dedo para todos que fazem tudo que você queria fazer."

Anteontem, assistindo Gabriela, a cena do personagem de José Wilker assassinando a esposa e o amante ainda na cama com a aprovação dos mais moralistas da cidade que justificaram o ato como "lava de honra" exemplar para a cidade não me fez voltar a época longínquoa nenhuma. Só a novela é um remake. Os coronéis, beatas, corrompíveis da cidade só ganharam novos nomes para se encaixar melhor no "novo século", novas velhas condutas da sociedade... Entendam, traição é traição, amor é amor e o lance é o lance e o que tenho a seguir não é uma defesa do ato, mas me cair aos ouvidos que foi feito justiça enquanto assistia a cena junto com meu namorido me foi muito mais condenável que o ato flagrado pelo coronel traído. Mais horrorizada que a rebelde com causa feminista da novela por achar que mesmo com todos pormenores existentes (o termo mais apropriado seria pormaiores néh!?) éramos de fato evoluídos nessa terra e que tinha do meu lado alguém de pensamentos e ideias semelhantes aos meus, percebo que o mundo evoluído talvez seja somente uma capa plástica transparente, vestida somente em ocasiões necessárias.