Dona da Porrah Toda

"Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal e fazer tudo igual, eu do meu lado aprendendo a ser louco, maluco total, na loucura real..."

AGORA É ASSIM, OU VOCÊ AMA OU MATA

Depois que a vida banalizou a morte ninguém mais resolve as coisas com mais paciência ou tolerância. Vemos isso no transito, vemos isso na falta de segurança do dia à dia onde garotos que deveriam estar ainda brincando nos assaltam de forma fria e cruel, muitas vezes atirando contra a vítima que nem reagiu só para se sentirem ou se fazerem mais perigosos diante do grupo ou da sociedade. Ficou tudo restringido e resolvido na base da bala (leia-se aqui tiro, projétil, balaço). Agora o cuidado que temos com nossas crianças são para elas não se tornarem bandidos, já que a glamourização da bandidagem anda atraindo mais que a antiga vida tão cobiçada por nossa geração de policial ou super herói. Usar roupa a prova de tudo e ter uma capa style não é mais exclusividade e caracterização da turma do bem.


Não seria anormal então usar do mesmo artifício para se livrar de algo que não entende ou não consegue resolver, porque não, já ficou normal fazer isso (quem consegue assistir um noticiário de t.v sem ver uma reportagem sequer de alguém ter matado outro por pura estupidez ou banalidade, movido segundo ele pelo impulso do momento ou raiva que atire o controle remoto, pois eu particularmente nem ando assistindo o jornal local, pois mesmo mudando de canal parece que a gente só vê isso).



Braço do meu marido
 Há mais ou menos duas semanas meu cachorro Ozzy atacou meu marido, dois dias depois me atacou também, o resultado disso foi um rasgo com pontos no braço dele e minhas duas mãos mordidas, em uma delas o osso do polegar foi perfurado. No caminho para o hospital só ouvia a mesma coisa de quem me via sangrando e perguntava, “e o cachorro, você matou ele não é?!” e tal era o espanto quando viam minha cara de indignação respondendo “claro que não, ta loco (a)!” que era visível a cara de “então está sendo mordida porque quer” em resposta a minha cara. Claro que após o segundo ataque, meu no caso, fiquei bastante preocupada e dentro do ônibus deixei escorrer lágrimas pelo rosto. Ao contrário do que imaginam não chorava pela dor, na verdade fiquei tão preocupada com esse comportamento do Ozzy que só fui concentrar na dor na lavagem com iodo, até aí, só tentava entender o porque dele estar tão agressivo e stressado, “será que ele está doente, leisheemaniose, parvovirose, raiva, sinomose... vou ter de desfazer do meu Ozzy, será possível ?!  - Tudo que eu não queria era ouvir que teria de fazer isso. Ele só passou os dentes no meu marido e fez isso que vocês vêem na imagem, só travou os caninos nas minhas mãos porque eu burra estúpida e vacilona fui dar uma de psicãologa e indo um pouco mais para trás da cabeça com meus carinhos ele entendeu que eu iria pegá-lo pela coleira e me mordeu. Ozzy não está doente, está stressado, agredido, confuso, no máximo uma tormenta psicológica, mas...o que fazer???

De volta do hospital apenas com uma anti rábica pois devido a doença não pude tomar anti inflamatório nem antibiótico e graças a Ozzy (o outro, o deus rs) não precisei tomar pontos, a minha primeira medida foi ver como ele reagiria ao me ver, já que dois dias atrás havia mordido meu marido (merecidamente se quer saber) e ainda estava stressado pelo episódio e ainda havia meu filho, um risco de um terceiro ataque causado pela teimosia e brincadeiras onde meu filho como toda criança de 6 anos, faz o cachorro de gato e sapato, e admirem, ele deixa...mas a essa altura poderia ser mal interpretado por ele e causar aí até mesmo uma tragédia, vai saber. Pirei!

Ozzy e meu filho disputando a janela
da cozinha rs
Não quero me desfazer do Ozzy e nem pensar vou sacrificá-lo, só se ele tivesse um diagnóstico de saúde onde sacrificar lhe pouparia maior sofrimento, mas matar é matar e pra quem tem dificuldade de trabalhar esse tipo de eutanásia como eu, isso sempre estará fora de cogitação e espero sinceramente não me ver diante disso pois se o fizer mesmo sob defesa herdarei uma consciência predativa que me comerá por dentro de remorço. Eu precisava e ainda preciso de duas coisas básicas, um veterinário e dinheiro (não necessariamente nessa ordem mas indispensavelmente dessas duas coisas rs). Recém diagnosticada e completamente limpa financeiramente, eu que venho dependendo de doação de medicamento enquanto aguardo a secretaria de saúde analisar meu processo para a liberação da medicação, aguardando o médico conseguido para mim com muita insistência e dificuldade pela associação não governamental de portadores a qual me afiliei e conheci pela internet, no momento e pra variar de toda situação que exige dinheiro sempre aparecer de uma vez, não tenho como pagar por um veterinário, coisa que fez meu desespero aumentar, pois na minha cabeça Ozzy deve estar doente e sentindo alguma dor para chegar a esse ponto de não nos deixar chegar perto. Tem também a questão psicológica já que fiquei quase 5 meses fora de casa e nesse período todo mundo ficou sem cabeça, então ele também foi atingido pelo furacão, já que a acostumado a muito carinho e brincadeira se viu de repente sozinho, sem ninguém na casa, vivendo somente da água e ração que meu marido repunha de dois em dois dias, nada mais. Para um cachorro que tomava banho praticamente todo final de semana e seguia uma rotina, essa mudança brusca com certeza pode o ter afetado, juntamente com o trauma que já carregava do susto tomado junto comigo e meu filho logo que nos mudamos para cá no ano passado, o assassinato do meu vizinho ainda não conhecido, porém de gritos, gemidos e agonização identificada pelo após vários tiros, um verdadeiro descarregamento de arma, em outras palavras e auditivamente entendido, uma execução.

Desde essa época nenhum de nós três ficou normal. Susto aqui é mato e acontece por qualquer coisa, tem hora que nem eu entendo porque me assustei com algo de tão tolo que foi, mas os sustos que tomamos reviraram nossa cabeça. Desde essa época Ozzy passou a ter pânico de estampidos, barulhos como os de fogos de artifício, balões de festas, qualquer coisa que o remetesse de volta aquele barulho do dia, que o fez entrar em casa a galope e se enfiar embaixo e em cima da cama, sem saber o que fazer. Depois disso nunca mais ficou digamos, normal.

Nessas entradas em casa sem mais nem menos, muitas vezes por barulhos, outras vezes sem motivo aparente, a ira do meu marido foi se acentuando e o que era então só reação de um instinto animal, passou a ser a hora da briga, da luta para tirá-lo de dentro de casa. Pra piorar ele sempre escolhia os mesmos lugares, a mesa de centro que fica no canto com fotos e o rack do computador tunado do meu marido, por si só motivo de arranca rabo e diversas brigas e crises entre nós (eu e ele), que dirá o desaforo de um cão que ao ver dele o desafiava escolhendo justo aquele local sempre e várias vezes quase jogando o PC no chão. Virou o caos.

Das conversas incisivas para ele sair passou-se para cutuques com cabo de vassoura, vassouradas para atiçá-lo a morder e assim meu marido conseguir laça-lo e levá-lo para fora e a medida que ele ia entrando e se escondendo de novo no local inadimissível por meu marido os instrumentos de ataque e pressão iam ficando cada vez mais agressivos e desnecessários na minha e opinião do meu filho, uma criança de seis anos que assim como eu, entendia melhor que o pai que o lance era deixar o Ozzy acalmar e sair sozinho ou acalmar para tirá-lo, fazer raiva no cachorro só aumentava a raiva dele, nada mais. Ignorância a parte e falta de bom senso para entender o que todas as vezes insistíamos em explicá-lo chegaria o dia em que o cachorro se cansaria disso e o atacaria, cada briga sentia isso e de certa forma até desejava que Ozzy lhe passasse um susto para ver se assim ele parava e resolvesse usar sua cabeça, afinal o irracional é o Ozzy. Pena mesmo foi ele precisar tomar um talho no braço para compreender e se arrepender do que fez. Antes tarde do que morto, penso eu.

Por fim, com o passar dos dias de observação e por algumas coisas que aconteceram e outras que fui notando, percebi que talvez o stress do Ozzy esteja além da ignorância que meu marido agia com ele,há mais podres no purgatório do que possa supor nossa superficial explicativa, nada que ficasse encoberto por muito tempo porém. No sábado passado, com muito medo dele me travar os dentes novamente confesso, consegui dar um banho nele e tal foi meu espanto ao ver que ele estava completamente infestado de pulga e carrapato, por causa da sua tonalidade de pelo não víamos de longe, mas no contato deu um nó na garganta, meu Ozzy nunca ficara assim e por mais que eu procurasse justificar mesmo com 5 meses fora de casa, por estar o local limpo era impossível que aquela infestação fosse devido a falta de cuidados ou má higiene do local, fiquei sem entender mas imediatamente comecei a providenciar coisas para acabar com aquilo e devolver a tranqüilidade do meu cachorro, pois julgava ser aquilo o motivo do seu atual comportamento. Infelizmente acredito hoje não ser.

No mesmo sábado, a tarde saímos de casa, voltando somente a noite e durante esse período coisas aconteceram, coisas essas que deixaram rastros e denunciaram que o problema do Ozzy talvez não fosse somente as pulgas, os carrapatos e a ignorância passada e arrependida do meu marido, ele estava sofrendo judiação nas nossas ausências, o quintal estava repleto de pedras de cascalho e pedaços de tijolo que iam de pequenas a tamanhos de causar revolta, até aí julgamos ser apenas traquinagens das crianças da vizinha viúva do cara assassinado, pois no lote também tinha uma bola, provavelmente o motivo de tantas pedras no quintal, alguém tentara pegá-la e o Ozzy que não gosta muito da vizinhança e como todo cachorro ataca estranhos que por ventura venham a se dependurar no muro se enfureceu, os fazendo atiçar ou vai saber jogar as pedras para machucar o cachorro. Porém na hora que meu marido foi colocar a ração da noite para Ozzy percebeu em seu pescoço um vermelhão que ao se aproximar constatou que era um corte, um rasgo aparentemente, um buraco sem pelos em volta abaixo da orelha, tentando enxergar o que seria não viu nada alem do local purgando um óleo amarelo espalhado por todo o local sem pelo e sangue que apenas sujava a superfície do local, mas uma senhora abertura estranha e sem mais nem menos aparecida no pescoço dele, ninguém entendeu. O problema é que devido os últimos acontecimentos Ozzy não nos deixa chegar perto o suficiente para entender o que há no local, se é berne, se foi uma pedrada e muito menos aplicar medicação. No decorrer da semana um calor dos infernos árabes e ele não comendo quase nada e cada vez menos água bebendo, minha preocupação do que seria aquilo me fez criar coragem e tentar segurá-lo para olhar o local. Foram duas horas de tentativas até que no dia seguinte consegui passar a mão no local muito rapidamente pois logo que toquei num ponto onde não estava pelado mas parecia machucado com um tufo de pelos colado ele reagiu e não me deixou mais chegar perto.


A foto tá virada, mas
essa é a pedra que
encontrei

Sobe orientação de uma leitora e amiga, Val heavy metal que além de ajudar voluntariamente no resgate de animais de rua, também estuda nessa área consegui um talco para pulgas e carrapatos muito bom e a indicação de um spray prata para passar no local para dar algum tratamento até consegui passá-lo por um veterinário. Aos poucos ele foi aceitando o talco, muito ressabiado e em alguns momentos arredio, mas o spray que pra mim é o principal para ajudá-lo ainda não conseguimos aplicar com satisfação cobrindo todo o local machucado. A dois dias atrás no mesmo rumo onde encontramos as pedras, achei uma pedra enorme e toda pontiaguda, o que me fez questionar se este não seria o motivo que causou esse ferimento, uma pedrada nesse local por uma pedra dessas me gerou a dúvida se não seria este o motivo real do stress do meu cachorro de estimação, ele anda passando alguma atribulação quando não estamos em casa e imaginar que ele possa ter sofrido 5 meses desse tipo de crueldade por bel prazer de crianças mal educadas que não conhecem seus limites me deixou revoltada e nervosa, onde agora pressiono meu marido a ir novamente na vizinha e tentar conversar mostrando a ela a pedra que achamos, para que acabe a sonsice sobre o não conhecimento do que os filhos fazem e se estabeleça limites que por si só já tem um muro para informar. Por enquanto fico na minha, mesmo cuspindo marimbondos, porque não gosto de brigas e as evito o máximo, principalmente quando me vejo irada por algo, e espero sinceramente não ter de ser eu mesma a resolver, pois como diz um velho ditado, quer ver uma mãe virar uma fera é mexer com os filhos dela, não concordam?!

FIM.

O vídeo abaixo foi feito e postado no face para ver se alguém ou algum veterinário me ajudaria na identificação do que poderia ser o ferimento, antes de eu adquirir os remédios.