Dona da Porrah Toda

"Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal e fazer tudo igual, eu do meu lado aprendendo a ser louco, maluco total, na loucura real..."

DIPLOMACIA...ESSA MERDA AINDA VAI ME MATAR

Apesar de algumas pessoas talvez pelo meu jeito de falar acharem o contrário, eu sempre achei que é através da educação e agindo com certa diplomacia que se resolveria as coisas e sempre segui por esse caminho. Então eu sempre fui assim, aquela que pondera e ouve os dois lados antes de tirar minhas conclusões, mesmo quando tudo parece pender para um só lado; não me dou o direito de julgar nada nem ninguém somente com um ponto de vista sobre a situação. Talvez por isso na minha casa tenha sido sempre uma briga, meus pais que tiveram uma separação litígiosa vira e mexe disputam para qual dos dois entregaremos nossa razão e a minha pelo menos nenhum dos dois tem, ou os dois no caso, pois considero que os dois tem sua parcialidade de culpa e nem de longe são as vítimas que pintam de sí.

Na vida foi a mesma coisa, sempre ouvindo os outros e esperando que eles tivessem o mesmo respeito por mim, mas parece que a medida que você se aproxima do que é justo e imparcial você só atrai o inverso disso para perto de sí, isso explicaria por exemplo a quantidade de gente desrespeitosa a minha predileção religiosa (ou não religiosa no caso), o fato de alguém vira e mexe testar meu amor próprio e colocar sob prova as coisas que falo.
É incrível como as pessoas que definiram mal isso na vida delas, julgam que por estarmos tão decididos, definidos ou certos sobre algo que somos ou que defendemos só podemos estar errados e/ou perdidos e mesmo sob nossa certeza e convicção, tentam nos trilhar um caminho ou uma solução como se estivemos alí, pedindo alguma espécie de ajuda. Isso põem a prova minha diplomacia e me faz engolir seco ultimamente por ela ainda falar mais alto e eu por vez, acabar em não querer ser descortez ou grossa de língua afiada com alguém, porém, de uma forma ou de outra eu acabo sendo. Bom, é isso que vejo no olhar ou na expressão da pessoa que me desafia quando recebe a resposta imediata do que me propõs ou desafiou como se de repente imaginasse ter sucesso alí no que descreveu acreditando que farei cara de "eu estava perdida e você me encontrou" ou algo do tipo e recebe um "eu sei bem onde estou, vá iludir outro trouxa" de resposta.
Infelizmente tenho visto muitos idosos desaforados que se aproveitam da idade que tem para me persuadir e se aproveitarem da idade para não receber resposta a altura, maldita educação que recebí de sempre respeitar os mais velhos, pois essa prática impera na minha vida e eu queria mesmo que minha rebeldia fosse maior que tudo isso, mas infelizmente o estado de felicidade plena aquieta a rebeldia da gente.
Estou feliz, há exatamente 12 anos e 9 meses estou feliz. Tenho umas broncas, brigas, mas nada que a família que formei (eu, meu namorido e meu filho) não me façam esquecer ou acabar por relevar ou na maioria das vezes ignorar como faço, e família (pai, mãe,irmãs e/ou outros parentes) é algo que sempre me tira do sério, foi sempre a cruz no alto daquele monte oliveiro à espera que eu espontaneamente transpassasse os pregos nas mãos e pés e me auto flagelasse como símbolo da minha rendenção e prova de que tudo que sempre pensaram ou falaram sobre mim ou sobre a forma como levo a vida faziam deles os certos; mas essa cruz sempre esteve vazia e se depender de mim, sempre estará (teve um cara que achou que a podia encarar, mas logo que viu como era minha família, preferiu as formas julgativas de Pilatos e vazou pras galiléias! rs) e isso para qualquer um que não aceita felicidade alheira é profundamente irritável. O estado de felicidade alheira irrita as pessoas que nunca se arriscaram na vida ou que se arriscaram e ao falharem não insistiram.
Eu vejo isso nas pessoas que assim como eu, estão acima do peso mas não conseguindo se aceitar como são e não conseguindo perder peso (o que é muiiiiiiiiiiiito difícil) se perdem no lado ruim disso tudo, se deixam amargar e estão sempre tentando amargar tudo que veêm pela frente; eu vejo isso nas pessoas que não se permitem questionar pela cultura religiosa que tiveram e pelo medo de serem crucificadas naquela cruz preferem sacrificar ovelhas a mando de pastores, a mando da igreja ou a mando de um deus que só existe na cabeça delas, já que por ele, elas, contradizem seus próprios mandamentos religiosos, dissipando o nome do deus que dizem amar e seguir eternamente em tudo que egoístamente lhes convém.
O que não é do deus é do diabo e sendo do diabo está condenado, queimado, amarrado e sei lá mais o quê. O que não é magro, é desgraçado, feio, indefeso e julgável...o que é gordo bem aceito também.
Sendo assim o Bem resolvido, decidido ou aceito, esclarecido, respondido, feliz e perfeito esconde algo por trás, não pode ser assim, não deve ser bem assim, não existe o perfeito (não existe mesmo), não passaria de uma mentira contata e espalhada a cargas de um mundo melhor, cor de rosa (ou preto no meu caso)...é impossível alguém viver ou ser assim.
Depois da divisão maluca que fizeram no mundo, se você não é bom, é mal, se você é feliz com você, é despresível, se você não é magro, está fora, se é gordo que se aceita e consegue ser feliz, é farsante, se você não é de deus nem do diabo, você é um perdido esperando que um dos dois te resgate e se você tem um cérebro e resolve usá-lo, é um cretino prepotente e não somente alguém capaz de pensar, questionar e raciocinar.
Sábado estava eu saindo no portão, o som do velho Canibal Corpse rolando do lado de dentro bem alto quando uma senhora se entitulando missionária e mais dois adolescentes me interpelaram no portão com suas pregações. Ao me questionarem e me convidarem a ir a missa, pela falta de percepção deles do som que rolava do lado de dentro da minha casa, revelei minha condição não religiosa mencionando também minha total falta de interesse para qualquer uma delas. A senhora ainda ignorando o som que rolava la dentro (a essa altura, depois de uma breve analisada na tatoo que eu tenho na perna esquerda e entendendo agora o som que rolava la dentro, os garotos davam algumas puxadinhas na senhora tentando fazer ela mudar de idéia e abortar a missão) continuou seu convite agora sendo mais ofensiva, porém ainda educada, tom baixo de voz, o  que me fez continuar educada a ouvindo, porém ainda na tentativa dela perceber rs, porém nos argumentos que ela usava, me tratava como um ser que ao cair na terra perdeu sua coleira de identificação e precisava urgentemente ser resgatada...o garoto e a garota ouvindo o que eu respondia insistiam no cutuque da véia, mas ela não arredava pé, mesmo diante dos meus argumentos pláusíveis e totalmente certos sobre o que eu acreditava (ou no caso não acreditava), ela estava determinada a "salvar" aquele ser (no caso eu rs).
Metaleiros (as) ou qualquer tipo de aparência perdida, são sempre um prato cheio para esse tipo de gente, que quer fazer a linha "pastor de ovelhas desgarradas" e ficar bonito na fita para o senhor que acreditam, uma espécie de "senhor, pode me levar agora, eu salvei" e neste caso específico nem digo isso dessa senhora porque ví nos olhos dela que ela realmente parecia ter fé no que dizia, era uma dessas poucas pessoas provavelmente que ainda conseguem ir numa igreja com a intenção somente de rezar e ouvir a missa, por isso não quis ser rude com ela. Foi o meio termo, não estava afim de ouvir o que ela falava, sobre bíblia, missas e outras coisas da religião, mas não a cortei, ouvi e olhei nos olhos dela pela boa educação e maldita diplomacia que recebi a vida inteira, esperando ela me dar a vez. Por fim, depois dela descarregar sob meus ouvidos tudo que aprendeu culturalmente e porque não fruto de sua fé, já que ela crer, eu não, com a olhada que ela me deu rapidamente na expectativa que eu respondesse sim, eu seguirei, me virei para ela e disse tambem educadamente "senhora, não é porque não creio em nada do que a senhora ou qualquer um fala ou prega que eu esteja perdida não. Eu vim de uma família onde minha mãe sempre pregou e foi missionária das palavras da bíblia, ela era católica apostólica romana, do apostolado da oração e hoje ela é kardecista, meu pai era ateu e hoje ele é ateu, graças a deus. Eu já estudei a bíblia, conheço como os crentes todos os parágrafos, versículos, parábolas, tudo que se prega por aí não foge ao meu conhecimento, mas eu cresci, perguntei e a bíblia não me basta, as crenças não me prendem, as teorias não me satisfazem...dai ela me interrompeu e me perguntou se eu acreditava em deus, eu disse, eu acredito no universo, daí ela insistiu me perguntando no que eu acreditava que regia o universo, eu disse " a ciência explica o que eu entendo e o que eu não entendo a vida me ajuda a entender... mas o que eu quero que a senhora entenda é que infelizmente hoje a senhora vai sair daqui um pouco sem sorte, porque sou eu que não quero estar ligada a nada, não o contrário"...com isso entendendo ou não o que eu queria dizer, ela agradeceu a oportunidade de falar sem fronteiras no meu ouvido e se retirou com o meu "bom trabalho e boa sorte aê" na melhor das intenções.